Natália e a síndrome de não conseguir escrever o que
imagina.
Em outubro do ano passado, uma leitora do Fanfiction Nyah!
perguntou se eu podia escrever alguma história especial para o Halloween. Minha
ideia principal, com esse pedido, era fugir dos fantasmas e lobisomens que
assombram o dia 31 e brincar com um tipo de monstro mais real: o monstro do
“cidadão de bem”.
Imaginar que aquele estranho com que você esbarrou na rua
pode ter cinco cadáveres enterrados no quintal assusta, para dizer o mínimo.
Talvez seu vizinho seja um psicopata, talvez eu seja uma serial killer! Mas é tão assustador imaginarmos estar em convívio
com uma pessoa perigosa, considerar que podemos estar sentando ao lado de uma
mente perturbada, que ignoramos a possibilidade e procuramos nos preocupar com
coisas bem menos palpáveis. Afinal de contas, ninguém realmente leva muito a
sério vampiros e lobisomens. Eu acho.
(E é mentira, eu sou muito preguiçosa para ser uma serial killer. Ou talvez seja isso que
eu quero que você pense. Nunca saberemos. *se afasta no meio do escuro*)
Hiro, nosso protagonista, começou a história onde não
queria estar, fingindo o que não queria ser e tomando cuidado para não ser
punido por isso. Fugindo totalmente do que eu queria escrever, Takashi-sensei
não pediu licença e ditou regra. Com um passado assombrando seu presente e
ameaçando-o quanto a um futuro, a única coisa que o professor queria era
provar, mais para sua terapeuta do que a si próprio, sua capacidade em lidar
com o mundo. Enquanto tem essa oportunidade finalmente entregue, tenta calar um
pequeno demônio trancado em sua mente, um ser deformado que ele pode colocar a
culpa por seus excessos passados. Uma forma de evitar assumir toda a culpa para
si, colocar-se acima disso e bradar vitorioso: “Somente eu tenho a chave”.
Então surgiu Erina. Hiro teve a chave roubada ou simplesmente abriu a grade aos
risos?
Filha de pai americano com mãe japonesa, Erina é um enfeite
vivo que condecora o casal perfeito e ajuda a montar a imagem da família
tradicional que não é brasileira. Indesejada por ambos parentes, carrega dentro
de si toda a tristeza em estar sozinha com o ódio de anos de maus tratos. Sendo
condicionada desde pequena a acreditar que é uma personificação demoníaca —
carregando toda a culpa sobre o desequilíbrio emocional da mãe e o estresse
contínuo do pai —, ela abre seu coração para Hiro, um desespero inconsciente
por atenção. Seria, então, verdade professor e aluna carregarem dentro de si um
demônio, ou aquela criatura era apenas imaginada para ambos desculparem suas
ações?
Capa pela talentosíssima Gabriella Regina e revisão por
Samuel Cardeal (aquele lá que está faz quase três anos me puxando pela orelha
para publicar alguma coisa), Diabólicos
é minha primeira tentativa de publicação e milésima perda de controle sobre os
personagens. Convido todos que quiserem a lerem o conto e olharem com mais
atenção seus próprios monstrinhos. Fica aqui apenas o alerta: não o alimentem
tanto e, de preferência, joguem a chave fora.
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Leia a primeira parte do conto no Wattpad -
https://goo.gl/yzn2UD
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